Apesar de atingir crianças e adultos de ambos os sexos, a cistite é mais comum nas mulheres, por terem a uretra mais próxima do ânus. “A uretra da mulher mede de três a quatro centímetros e a do homem, aproximadamente vinte. Por isso, as bactérias penetram na uretra da mulher com maior facilidade”, explica o ginecologista Gérson Aranha. E os números são surpreendentes. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 35% das mulheres já tiveram a infecção em alguma época da vida.
Descobrir uma cistite não é difícil. Normalmente, o número de idas ao banheiro aumenta, a quantidade de urina é pouca e a ardência ao urinar também é bastante comum. “Algumas vezes a mulher pode ter febre e urinar sangue”, complementa o urologista José de Souza Amin. Felizmente, o diagnóstico é rápido e preciso. “Basta fazer o exame de urina 1, que é aquela primeira urina da manhã”, explica Gérson. O tratamento também é simples e à base de antibióticos e anti-inflamatórios. “Na maioria das vezes, não há a necessidade de a mulher ficar em repouso. Na verdade, o limite é colocado por ela mesma: se ela crê que tem condições de manter suas atividades normais, não há o menor problema”, aconselha.
Mas o problema fica mais sério quando a mulher não segue corretamente as orientações do médico. “Nestes casos, além de a mulher continuar sentindo dores, a cistite pode evoluir e ir para os rins, causando uma pielonefrite, infecção que pode resultar na extração do órgão. É muito importante que as recomendações sejam seguidas”, aconselha Gérson. Quem não segue as orientações médicas acaba convivendo com visitas periódicas da infecção. “É o que chamamos de cistite crônica ou de repetição. De certa forma, é até normal porque a cistite também está muito associada à higiene pessoal da mulher”, completa.
Pessoas diabéticas, com cálculo renal ou que apresentam incontinência urinária são mais propensas ao problema. Outro fator que pode ser determinante para o aparecimento da infecção é o uso do diafragma e de camisinhas femininas. “Esses acessórios podem fazer pressão na parede vaginal, acarretando um certo trauma, deixando o caminho livre para a entrada de bactérias”, alerta o ginecologista. A menopausa também deixa a mulher mais propensa a desenvolver cistite. “Devido à ausência do estrogênio, a parede vaginal fica menos espessa e com maior probabilidade de sofrer traumas durante o ato sexual”, garante o médico.
Traumas emocionais podem ser responsáveis não pelo aparecimento da infecção, mas pelo desencadeamento da crise. “Abalos emocionais fazem com que as pessoas fiquem com baixa imunidade e, consequentemente, mais propensas a crises de cistite crônica”, ensina a urologista Fernanda Serpa. E quem tem histórico de cistite crônica também precisa ficar de olho na alimentação. “Alguns alimentos podem causar irritação na bexiga”, alerta o ginecologista Osmar Teixeira Costa. A publicitária Gabriela Sanchez conhece muito bem essa história. Depois de passar por três crises nos últimos dois anos, Gabriela aprendeu que não pode ingerir determinados alimentos. “Suco de tomate é fatal. É só tomar que no dia seguinte eu já estou sentindo dores. Sucos de laranja, abacaxi e limão também não me fazem muito bem”, afirma.
Há uma outra coisa que pode favorecer o aparecimento da cistite e da qual as mulheres não podem escapar: a calcinha.
Calma, não estamos fazendo campanha para abolir o uso da peça! E, aliás, nem todas são contra-indicadas. “Calcinhas de tecido sintético fazem com que a temperatura da vagina aumente, criando condições ideais para a proliferação de bactérias. O ideal é que a mulher use calcinhas de algodão”, aconselha Gérson. E para as mulheres que adoram calças jeans bem apertadas, um alerta: “Esse tipo de roupa também aumenta a temperatura vaginal, assim como as calcinhas de lycra”, conclui o médico.
Cistite de Lua de Mel
Você sabe o que é cistite de lua-de-mel? Apesar de poucas mulheres conhecerem a doença pelo nome oficial, muitas já sofreram com o probleminha que acontece devido ao número excessivo de relações sexuais em pouco tempo.
De acordo com o ginecologista Sérgio Simões, da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, a cistite de lua-de-mel é uma infecção do trato urinário (cistite) que ganhou este nome porque é justamente no período de lua-de-mel que os casais têm mais relações sexuais.
"Esse tipo de infecção aparece devido ao trauma que o pênis provoca na parede anterior da vagina da mulher. Normalmente, durante a lua-de-mel, o casal costuma ter mais relações sexuais e com maior intensidade. Se a mulher não estiver bem lubrificada, pode ter traumas vaginais que acarretam a cistite”, adverte o ginecologista. Por isso, meninas, orientem o parceiro para não ir com muita sede ao pote. E se você tem problemas com relação à lubrificação íntima, não hesite em usar um lubrificante.
Cuidados
Procure ir ao banheiro o maior número de vezes possíveis. “Este é um dos mecanismos de defesa do aparelho urinário contra a invasão das bactérias. Por isso, pessoas com tendências à cistite devem urinar, se possível, a cada três ou quatro horas”, recomenda o ginecologista.
Beba muito líquido. “A ingestão de grande quantidade de água contribui para maior formação de urina e isto favorece a eliminação de bactérias durante a micção. O ideal é beber, pelo menos, dois litros de água por dia”, alerta Amin.
Dê muita atenção à sua higiene pessoal. “Cuidados com os orifícios anal, vaginal e uretral são imprescindíveis para evitar que bactérias intestinais, eliminadas principalmente por meio das fezes, penetrem na vagina ou uretra. A limpeza com papel higiênico deve sempre ser feita da frente para trás, e nunca ao contrário, para que as bactérias localizadas em torno do ânus não sejam carregadas para a vagina”, ensina Gérson.
Use o tradicional “chuveirinho” para banhos. “Melhora a higiene da região genital da mulher e é particularmente importante em mulheres com cistite reicidivante, aquela que volta periodicamente”, recomenda.
Evite usar desodorantes íntimos. “Mulheres propensas a cistites ou infecções vaginais devem evitar o produto, pois ele pode desencadear reação alérgica local e irritação vaginal”, alerta o urologista José de Souza Amin.
Procure urinar a cada relação sexual. “Essa medida favorece a eliminação das bactérias que possam ter penetrado na uretra e na bexiga durante o ato sexual”, garante Gérson.
Agora é só ficar de olho! Se você sente dor na hora de fazer xixi, procure um médico. Aposente as calcinhas de tecido sintético e as calças muito apertadas. São pequenas medidas como essas que farão com que a sua saúde seja mais plena e a sua vida, mais saudável.
Fonte: Bolsa de Mulher
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