Infelizmente, não tem como ficar neutro em relação ao acontecido com Nicole Bahls no dia 11/04, referente sua polêmica com Gerald Thomas (se você não sabe o que aconteceu, clique aqui). O que mais me assusta não foi o ocorrido em si, mas a audácia do Programa Pânico em defender uma violência contra o corpo feminino. Emílio Surita gritou aos quatro ventos que não estavam apoiando nenhum tipo de violência, mas ao encarar uma agressão sexual como brincadeira, sendo que a mesma não foi permitida pela vítima, é culpabilizá-la, uma degradante e costumeira atitude da sociedade em relação às mulheres: a de culpá-las pela violência sexual. Aposto toda a minha credibilidade que, se ocorresse o mesmo com Sabrina Sato ou até com a esposa do próprio Emílio, o ocorrido seria encarado de forma diferente (com direito a B.O. e processo).
Mas qual a diferença de Nicole Bahls e Anne Luyet (Pepela)? O desrespeito pode ocorrer com Nicole porque ela é gostosa e anda por aí de vestidinho curto. Porque ela é ex panicat e já saiu pelada na revista, e isso a pré define como vagabunda. Porque o sobrenome dela lembra SACO (TESTÍCULO) em inglês, e isso a banaliza e sexualiza. Porque o Pânico é um programa de humor (do qual Pepela não é integrante) e isso dá livre acesso da mão de famosos às prexecas das belas moças de bunda de fora. Foi o que Gerald Thomas argumentou quando questionado. Ele disse que, claro, a culpa era DELA. Nicole chegou semi nua, rebolando, porque mulher não é objeto mas Nicole se comporta como tal.
É na argumentação de Gerald que todo o circo defensivo armado pelo Pânico cai por terra. Diferente da "brincadeira" que o Pânico alegou ser, Gerald Thomas disse que meteu a mão mesmo porque Nicole facilitou.
É esse o limite que tanto os machistas como o Pânico desconhece. Eu não estou aqui pra julgar panicat, biquine nem bunda de fora. O corpo de cada mulher é dela, e se ela quiser vender a imagem dele, tem todo o direito. Mas de vestidinho curto, semi nua, de biquine ou PELADA, o corpo continua sendo da Mulher, e homem NENHUM tem livre acesso a ele SEM a permissão da mesma. Nicole podia estar arreganhando a bunda em cima da mesa, que Gerald Thomas não tinha o direito de tocá-la. Preceitos morais de uma sociedade deturpada que culpabiliza a vítima das agressões sexuais tem que deixar de ser levados em conta. O corpo é da Nicole, e emprego nem brincadeira nenhuma diminui a gravidade do crime cometido pelo diretor.
Sabemos muito bem que o Pânico tem mania de diminuir as mulheres, expondo-as como objetos sexuais. Se as mesmas permitem, é problema delas. Mas vendo a Nicole ofendida e confusa, sem saber se podia se defender, e sendo influenciada por uma cúlpula machista a não se demonstrar horrorizada e levar na brincadeira me deu nojo. Nojo principalmente da forma como Emílio Surita colocou Renatinha contra a parede para que a mesma se sentisse culpada também de achar errado um homem meter a mão no orgão sexual feminino de uma mulher sem permissão. O corpo é da pessoa que o possui, e o limite é ditado por ela. Brincadeira nenhuma justifica uma agressão. E não há matéria sensacionalista nenhuma que vai me fazer encarar o ocorrido como brincadeira, e nem achar normal já que Nicole Bahls é taxada de vagabunda graças a um programinha de merda como esse.
Ao Pânico na Band e à Emílio Surita, meu sincero FODA-SE. Espero de coração que um dia SEU corpo seja violado para que você entenda de uma vez que brincadeiras tem limite. Um limite que o Pânico nojentamente desconhece.