Atualmente, percebemos que, apesar do aumento do mercado de empresas voltadas para a saúde e exercícios físicos (lojas de suplementos, academias, etc), a mulher moderna continua tendo problemas com a saúde física. No Brasil, 17% da população é obesa, e mais da metade está acima do peso. Entre as principais vítimas, está a mulher de classe baixa.
A mulher de classe baixa precisa trabalhar em tempo integral. No Estado de São Paulo, a rotina de um emprego integral inclui pelo menos 8h diárias de trabalho, além das horas para se chegar ao local de trabalho e o tempo de almoço no meio do dia. Muitas pessoas saem de casa 2h a 4h antes da entrada no serviço a fim de chegar a tempo. Os horários de almoço variam entre 1h a 2h, mas sabemos que o brasileiro e a brasileira não cumpre esse horário, muitas vezes comendo rapidamente para voltar logo ao posto de trabalho.
Então vamos pensar: são pelo menos 2h para se chegar ao trabalho, pelo menos 8h de serviço que somadas com as horas de almoço que nem sempre são respeitadas, podem chegar à 10h, e ainda tem o horário da volta para a casa, que são pelo menos 2h também. A mulher trabalhadora gasta pelo menos 14h do seu dia com trabalho cansativo, que muitas vezes exige posições nada positivas para o físico, como ficar horas sentada em frente ao computador em situações de estresse, ou em linhas de produção fazendo movimentos repetitivos, e até mesmo as guerreiras faxineiras, que tem que limpar diversas coisas em diversas posições nada favoráveis para a coluna.
Se a mulher ansiar por algo melhor, talvez esteja estudando, seja curso técnico ou ensino superior. E sendo trabalhadora, só lhe resta o período noturno. As aulas noturnas costumam ter 4h. E somando o dia de trabalho, são 18h pelo menos por dia dedicadas a obrigações. De 24h que um dia tem, restam apenas 6 horas livres. Dessas 6h, a brasileira costuma dormir entre 4h e 5h por noite, o que também não é nada saudável, visto que o adulto deve dormir entre 6h e 8h para ter um descanso de qualidade. E quanto tempo sobra livre num dia? 1h apenas. E dessa 1h as mulheres fazem milagre, cuidando da casa da forma que dá, pois muitas tem jornadas triplas, que além de estudo e trabalho, tem filhos e casa para cuidar.
Ah, e a alimentação sempre fica de escanteio. A vida corrida da mulher trabalhadora faz com que ela se alimente de marmitas feitas em casa, que na correria contemplam uma arroz, feijão, e a mistura mais rápida: uma fritura. Salada é algo difícil de se incluir no dia a dia, visto que verduras, legumes e frutas não podem ser comprados com muita antecedência, pois estragam rápido. E nem sempre temos tempo de ir ao mercado, além do dia da compra do mês, não é?
E quando não dá tempo de fazer comida, um salgado na rua é a melhor opção pra enfrentar o dia. E assim a mulher trabalhadora não tem tempo para se alimentar adequadamente, nem para se exercitar.
Aí você me pergunta: e os finais de semana? Bom, quando se passa a semana toda, de segunda a sábado, trabalhando e estudando, sem nenhum lazer, o cansaço, a fadiga e a ânsia por um escape da rotina nunca levam à exercícios físicos ou dietas. O que a trabalhadora mais quer é descansar e comer algo gostoso. Isso quando o salário injusto lhe permite. Além disso, rotinas desgastantes como a da mulher trabalhadora brasileira levam a queda da imunidade e muitas doenças.
Dessa forma, vivendo para as obrigações, a mulher trabalhadora não consegue manter o peso nem a saúde. Não é de admirar que o índice de obesidade em nosso país seja alto. Por isso, qualquer crítica voltada a uma mulher acima do peso deve ser repensada mil vezes. Olhe para essa mulher cansada e guerreira, que se desdobra em 3 para dar conta da vida. E a vida não é fácil pra quem não nasceu na elite. E no nosso país, onde ladrões governam, e crianças vão para a cadeia, é o que tem pra hoje!
Jakisses!