quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amor Falido - Quando não resta mais nada entre um Casal

No apartamento, cada um no seu canto. Não há diálogo, não há entendimento, não há carinho. Apenas a ilusão de um relacionamento que, na realidade, já está falido, acabado. A solidão a dois é, muitas vezes, mais dolorosa que a solidão desacompanhada. Isso porque ela vem sempre carregada de mágoas e decepções que nutrem o monstro da desilusão, criando um desarmônico e doentio laço, que aprisiona o pseudo-casal.




Casada há 14 anos, a jornalista J. P., 38, garante que vive um inferno dentro de casa. Ela não sabe precisar ao certo quando o relacionamento faliu, mas consegue enumerar algumas razões. "É basicamente um acúmulo de coisas. Falta de paciência, intolerância, egoísmo e acho que até um excesso de idealização. Porque fomos varrendo os problemas para baixo do tapete, nos negando a enxergá-los e isso foi roendo o casamento. Reconheço meu erro e os dele também", conta ela. "Agora, por exemplo, estou aqui dando meu depoimento para você e ele está lá na sala vendo televisão. Quando cheguei do trabalho hoje, nem nos falamos. Ele ficou imóvel no sofá e eu vim direto para o quarto. A casa fica praticamente dividida em duas áreas e a gente mal se cruza", revela.





J. P. garante que a cada dia que passa, a vida conjugal fica pior. Ela compara o problema a um bolo, cujo fermento são exatamente as mágoas e decepções. "Conversar vai ficando cada vez mais impossível. Qualquer assunto que eu comece, pode ser o mais ameno como a comida do jantar, acaba em briga. Imagine quando eu introduzir algo sobre nós", lamenta. No entanto, as dificuldades precisam ser superadas e tomar uma atitude vai ficando cada vez mais urgente. "Na primeira oportunidade, eu pulo fora", ainda espera a jornalista.




Relacionamentos que agonizam desse mal são extremamente comuns, segundo a terapeuta de casais Margareth Labate. Ela confirma que o problema nasce devagarzinho, bem debaixo dos olhos vendados do casal. "Existe um desprezo muito grande pela intuição. Quem vive um drama desses na vida reconhece, quando o problema é fato, que já havia algo de errado desde muito tempo e esses indícios foram desprezados. É muito importante identificá-los e solucioná-los quando ainda são incipientes. É justamente o acúmulo de feridas que mina a saúde de um relacionamento", comenta.





Eu queria ter uma bomba

A psicóloga reforça que sentimentos como ansiedade, rejeição, desprezo e desejo de fuga não devem ser, de maneira nenhuma, negados. "De fato, para muitas pessoas, é muito difícil reconhecer defeitos no seu projeto afetivo que, quase sempre, nasce envolvido por uma promessa de perfeição e eternidade. Mas certas barreiras anunciam um novo caminho de evolução para uma relação e é aí mesmo que está a solução para uma queixa comum nesse quadro que é a rotina, a falta de novidade. São dessas mudanças que um casamento se nutre", considera.





Vista grossa diante das dificuldades do outro e excesso de idealização também acabaram com o casamento da fisioterapeuta Elza D'Ávila. Mas a agonia se arrastou por quase cinco anos. "Não foi fácil terminar o casamento. Acho que nunca é fácil, mesmo quando está doendo. No meu caso, lembro que pensava sempre na minha casa vazia, na minha vida sem marido, que efetivamente já existia, mas me dava calafrios. Vivi para o casamento por mais de 15 anos e o divórcio me parecia o reconhecimento do meu fracasso", confessa.






Foi preciso que se "inventasse" um motivo pontual para que ela engatasse uma conversa definitiva. Ou quase isso. "Eu descobri que ele tinha outra, o que era absolutamente esperado. Na verdade, ele me fez descobrir isso, espalhando indícios para me chamar atenção e me forçar a uma atitude, exatamente como homem faz: não conversa, dá evidências. Já éramos praticamente dois estranhos, dormindo em camas separadas, quando tomei coragem e resolvi falar. Já era quase hora de dormir, ele já estava deitado no sofá. Comecei com o assunto e dali a pouco, ele estava roncando. Acabou naquele momento. No dia seguinte, fui breve e direta: 'quem vai ficar nesse apartamento? Eu ou você?'", lembra a fisioterapeuta. Em dois meses, sua vida tinha mudado completamente e para melhor. "Pedi muito tempo com medo, poderia ter me sentido livre muito antes", pondera.



A poder de resistência ao tempo de um relacionamento é medido pela capacidade do casal de lidar com os desejos e potenciais um do outro. "A busca pela estabilidade e a segurança são o maior obstáculo para o crescimento em conjunto. O passado, como diz a própria palavra, passa e a cada dia que passa surgem novas expectativas e possibilidades. Amar não é um esforço, mas exige responsabilidade para com a evolução do outro porque precisamos manter acesa a nossa admiração por ele. Não basta apenas encontrar a chamada pessoa certa. A manutenção da paixão é a grande missão", encerra Margarth Labate.

Um comentário:

  1. "A solidão a dois é, muitas vezes, mais dolorosa que a solidão desacompanhada"
    Essa frase resume o que passei.As vezes amigas me falam que é dura a separação eu respondo que duro é a solidão do casamento, olhar o homem que você ama e não poder amar.
    Sinceramente a separação é a cicatrização do coração, portanto é importante nesse momento se cuidar, se amar acima de tudo, depois da luta há sempre uma conquista.
    Obrigada pelo post, parabéns!!!
    Beijos

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