quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ADULTESCÊNCIA - Depois da Adolescência, nem sempre vem a fase Adulta ;D

Hoje, a maioria das pessoas desse mundo é jovem. Ora, como assim? Tudo bem, a expectativa de vida vem aumentando, o que também faz crescer a fatia idosa da população. Mas a juventude de que estamos falando não é aquela medida pela passagem das primaveras. Trata-se não da juventude do corpo, mas sim de estado de espírito e de comportamento. Basta olharmos ao redor para acharmos cinquentões frequentando academias, mães compartilhando roupas com as filhas adolescentes, avós esportistas e um monte de gente com 30 anos que ainda mora com os pais.

Esses exemplos são evidências de que a linha que divide a adolescência da fase adulta está cada vez mais tênue. Essa tendência, que vem sendo bastante analisada e discutida por estudiosos, já foi batizada com o nome de adultescência. Uns a vêem com olhos preocupados, alegando que os adultescentes são pessoas com dificuldade de aceitar que a juventude já se foi. Outros acreditam que manter uma essência adolescente não só é benéfico como essencial para viver em bem-estar e se adaptar às mudanças que ocorrem com tanta rapidez na sociedade pós-moderna.


Mudanças sócio-comportamentais

Hoje conseguimos, sem grandes dificuldades, identificar adultos que se comportam como adolescentes e jovens. É sinal de que mudanças significativas ocorreram na sociedade. "Um fator que contribuiu para o surgimento do fenômeno da adultescência foi a valorização da juventude e tudo que a ela é associado como inovações tecnológicas, esportes, diversão etc. Em segundo lugar, temos a necessidade de maior aprimoramento nos estudos e as dificuldades do mercado de trabalho. É cada vez mais tardia a independência econômica, o que faz com que muitos jovens adultos permaneçam dependentes dos pais, principalmente nas classes sociais mais elevadas", esclarece a psicanalista Priscila Gaspar.


Maria Clara D. se formou em Medicina, se especializou em dermatologia, é médica do Corpo de Bombeiros, atende em duas clínicas, tem 28 anos e... mora com os pais. Apesar de já ganhar muito mais que a maioria dos brasileiros, para ela não é o bastante. "Ainda não saí da casa deles por uma questão de insatisfação econômica. Tudo bem que conseguiria me manter com o meu trabalho, mas não com todo o conforto com que estou acostumada", revela Maria Clara, que namora há dois anos outro jovem adulto, um rapaz de 25 anos, engenheiro contratado da Petrobras e que também não pretende sair da casa da mãe dele.

"A gente tem planos de casar, mas acredito que não nos próximos dois anos. Quem sabe daqui a três?", estipula a dermatologista, cuja família não se importa com a dependência prolongada da filha. "Meu pai adora, quer mais é que eu fique morando aqui um bom tempo. Acho que hoje em dia isso é natural. A gente demora muito tempo para se formar. Eu fiz seis anos de faculdade, mais quatro de residência. São dez anos de formação! O que me faz entrar no mercado com 27 anos de idade", analisa Maria Clara.


Eternos estudantes

O mercado acirrado e as constantes inovações a que os profissionais precisam se adaptar contribuem para que os adultos demorem a construir uma família. Para o psicólogo Carlos Bein, esse contexto transforma os profissionais em eternos estudantes. "Hoje há setores muito saturados de profissionais, o que, junto com as oscilações do mercado, faz aumentar o tempo até conseguir o primeiro emprego. Aliás, o ritmo acelerado na renovação das técnicas faz com que um profissional continue dependendo dos centros de ensino, de modo que o papel de estudante se conserva para toda a vida", explica.

Além disso, Carlos Bein assinala que, em outras culturas e épocas, havia rituais de passagem da infância para a idade adulta que delimitavam claramente o comportamento em cada um dessas fases. "Se nessas sociedades a transição era curta, na nossa parece prolongar-se indefinidamente, sendo mais ambígua e relativa. Talvez por estarmos passando para um modelo social onde o Estado adota cada vez mais funções que antes eram responsabilidades do cidadão. O âmbito de decisão de um adulto está cada vez mais limitado pelo Estado, que de algum modo se transforma em pai dos cidadãos. Este é um paradoxo da nossa sociedade, composta por indivíduos, em teoria, livres. Isso facilita a 'adultescencialização' do cidadão", constata o psicólogo.


Mesmo quem já viveu a entrada no mercado de trabalho não escapa. Hoje não há idade limite para se divertir, fazer esportes, namorar. A estudante Carla Manhães testemunhou a transformação de mãe, uma jovem – e bela! – dentista de 53 anos. "De uns tempos para cá, minha mãe virou uma garotinha! Pega as minhas roupas: vestidos, saias, sandálias, colares, tudo. Malha na mesma academia que eu, fez plástica e está namorando, o que tem feito muito bem para ela. E para mim, porque antes ela era uma chata. Não deixava eu dormir na casa do meu namorado, nem viajar, colocava limite de horário. Hoje, como ela sai no final de semana e às vezes não volta para casa, ficou mais tranquila. Passou a me entender melhor. Além de mãe, se transformou em amiga", conta Carla.

A advogada Marlene Gonzaga, de 55 anos, apesar de admitir que a maturidade adquirida ao longo dos anos lhe proporcionou muita paz, diz que um quê de adolescente é essencial. "Depois que a gente se torna adulto e enfrenta as dificuldades da vida para sobreviver e criar os filhos, a gente muda. E quem não souber lidar com isso acaba se tornando rabugento ou triste. Eu gosto de estar ao lado de gente light, alegre, descontraída. Me sinto velha de vez em quando, mas tenho uma empolgação com certas coisas que não é de adulto. Do tipo estar viajando à noite com meu namorado, ouvir uma música bonita e encostar o carro para dançar no meio da rua. Esse tipo de coisa faz a vida valer a pena, sabe?", diz.


Adultescente e responsável

Marlene acredita que conciliar adultescência e responsabilidade é totalmente possível. "Claro que dá para conciliar. Aliás, um pouco de irresponsabilidade é vital. Eu tinha um professor que dizia que todo mundo tem o direito de um dia na vida dizer 'hoje eu não vou trabalhar, vou à praia'. Muita seriedade acaba com o ser humano. Se você for responsável o tempo todo, sucumbe. Largar mão das responsabilidades pelo menos por um momento é essencial para que a pessoa consiga relaxar para depois voltar ao corre-corre do dia a dia", aposta a advogada.


A tendência do adulto de se comportar como adolescente tem lados positivos e negativos. "Como jovens são mais flexíveis quanto a idéias, é positivo que as pessoas não se acomodem e procurem cuidar mais da saúde nessa luta contra o envelhecimento. Por outro lado, não assumir responsabilidades e não aceitar o passar dos anos é algo negativo. Isso ocorre com mais frequência. Infelizmente, a nossa cultura valoriza em demasia a juventude e o envelhecer está associado a idéias extremamente negativas, como doença, pobreza, falta de flexibilidade etc. Se valorizássemos a experiência e a maturidade emocional que são frutos da vivência, não teríamos tanto medo de envelhecer”, afirma Priscila Gaspar.


Equilíbrio é tudo

Saber dosar o espírito adolescente com os princípios da vida adulta, sem deixar a balança pesar nem pra um lado nem pra outro, é o grande segredo. "Para um adulto, o maior atrativo da adolescência talvez seja esse fugir das responsabilidades. Ser adulto significa planejar, calcular, trabalhar. Só que os planos nem sempre dão certo. Às vezes, os grandes projetos trazem decepções ou até quando tudo sai como o planejado, a vida parece não ter aquele todo sentido. A rotina de trabalho é sufocante. Então há a tentação de voltar para a adolescência, desfrutar do instante presente, buscar novas experiências sem se preocupar com nada. A dificuldade está em poder ser adulto e, ao mesmo tempo, adolescente sem que isso signifique uma fuga das responsabilidades com a família, com o trabalho e com a sociedade”, esclarece Carlos Bein.

Na verdade, o grande segredo não é saber quais e quantos compromissos jogar para o alto. Mas sim ser um adulto completo, capaz de cumprir com todas as suas obrigações, mas vivenciando-as de uma forma diferente. "Enfrentar as responsabilidades com flexibilidade. Não de maneira excessivamente rígida, rotineira e vazia de sentido, senão nova, criativa, estimulante", finaliza Carlos Bein.


(Créditos a http://www.bolsademulher.com/)
Excelente Matéria!
Jakisses!!!

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