quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sentimento de posse... GRAAAVE

Para viver uma grande paixão, vale tudo. Provas exageradas de amor, confissões de fidelidade eterna e rompantes inesperados de ciúme. Para os apaixonados, até pequenas brigas se tornam um tempero. Mas, como todos sabem, a paixão pode passar. Se não restou cumplicidade entre o casal, é fácil saber como a história termina. Nessa hora, muitos confundem o amor construído com um sentimento de posse. Agir como dono da vida do outro pode ser tentador para quem ama, mas pode ser fatal num relacionamento.

Para os que se encaixam no perfil de ciumentos incorrigíveis, uma boa notícia: ciúme não tem a ver com sentimento de posse. Segundo o psicanalista Paulo Próspero, ter ciúme é algo natural. Ele explica que em todo relacionamento amoroso há uma requisição de prioridade, o que, de maneira bem dosada, é saudável. "A exigência de prioridade está relacionada ao próprio amor, trata-se quase de um pacto de disponibilidade e isso requer atenção contínua", observa.



Ciúmes x Posse


Há uma linha tênue entre o ciúme e o sentimento de posse, que separa tipos de relação bem diferentes. O ponto em comum é o sentimento de perda. É quase impossível não temer a falta de quem se ama, por isso, qualquer sinal de afastamento ou desatenção leva ao questionamento sobre a relação. Na posse, porém, há o sentimento de perda do poder sobre o outro e não do amor.

Quem explica é a psicóloga Nina Maria Góes: "O sentimento de posse nada tem a ver com amor. No ciúme, o foco é o outro. Na posse, o foco sou eu. Uma pessoa possessiva não será sempre ciumenta, porque estamos falando de coisas diferentes". Ela cita como exemplo a relação retratada no filme "Encaixotando Helena", de Jennifer Chambers Lynch. No filme, um renomado cirurgião cria um acidente para que a vítima, por quem era obcecado, seja levada para a casa dele. Com o tempo, ele vai mutilando-a cada vez que pensa na possibilidade de ela escapar. Segundo Nina Maria Góis, esta história extrema chama a atenção para como o sentimento de posse é destrutivo e não condiz com o relacionamento amoroso: "Ele nunca se importou com ela, mas com ele. A posse poderia ser chamada de um autismo afetivo, em que não há comunicação com o outro. Não existe sequer o outro em si. Existe apenas enquanto ele traz algum ganho", afirma.




Fique atenta


Se o controle sobre a vida do outro supera o seu bem-estar, é sinal de que há algo errado. O alerta está para quem impõe este domínio, mas também para quem se deixa levar pelas imposições feitas. O psicanalista Paulo Próspero lembra que não é à toa que o ditado "ninguém é de ninguém" se tornou tão popular. "Mesmo que você queira, não pode ser dono do outro. E para existir a relação é preciso este espaço. O sentimento de posse tira a liberdade de ação do outro. É conseqüência de uma insegurança profunda", observa.


Esta complicada relação entre amor, ciúme e posse pode afetar também amizades e mesmo relações familiares. É comum que amigos entrem em conflito quando o outro começa a namorar. A advogada Mariana Baptista precisou de muito jogo de cintura para não cortar relações com sua melhor amiga, após começar um namoro. Como as duas faziam quase todos os programas juntas, foi difícil para sua amiga dividir seu tempo e atenção com uma outra pessoa. "Ela gostava do meu namorado, mas não conseguia entender que num sábado à noite eu preferia ficar só com ele em casa vendo filme. Dizia que estava com algum problema e eu acabava indo até a casa dela para conversarmos e consolá-la. Brigava comigo por não ser uma boa amiga e eu acabava me indispondo também com meu namorado", conta.

Nestes casos, a lógica que comanda os três sentimentos segue a mesma, explica Paulo Próspero. O ciúme é normal, mas é preciso respeitar a liberdade do outro. "A amizade pode ser vista como uma forma leve de namoro, só que não há sexo. A diferença é que, quando há amor com sensualidade, tudo fica mais forte", pondera.



The end

O sentimento de posse pode se tornar mais evidente em momentos de término. É sempre difícil conseguir se desvincular, tocar a própria vida e deixar que o outro siga com a dele. A administradora de empresas Paula Oliveira demorou a perceber que o namorado não a amava mais e, após terminar, viveu uma relação de idas e vindas durante meses. Toda vez que se propunha a seguir em frente e o ex-namorado percebia, ele a procurava, mas nunca decidido a reatar o relacionamento.

Paula lembra: "O exemplo mais claro para mim foi durante uma festa em que não esperava encontrá-lo. Quando ele chegou de surpresa, estava abraçada com um amigo. Na mesma hora, ele me chamou para conversar. Fez promessas, disse que sentia minha falta. Não ficamos juntos, mas depois da festa telefonei disposta a voltar. A resposta dele foi que voltaríamos a conversar quando ele voltasse de uma viagem com os amigos", conta. Segundo o psicanalista Paulo Próspero, situações como esta acontecem quando o casal não concretiza o término da relação efetivamente. "O fim de um relacionamento acontece quando há um total afastamento. É preciso entender que nada acaba de uma hora para outra. Uma coisa é o término formal e outra o término do amor. Isso requer tempo e o luto tem de ser feito. A pessoa tem de fazer um trabalho interno e psiquico", orienta.

3 comentários:

  1. Beijo pra esse texto.
    É bom ler algo que nos indique um caminho quando precisamos.

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  2. Estou com esse problema. É sério. Não consigo me desligar da minha ex. Éramos casados, eu me separei, estou namorando e estou bem até, nesse ponto. Porém toda vez que percebo ela com outro, ou combinando coisas com outro e até conversas picantes já peguei, eu fico inquieto, inseguro e com muita dúvida pelo que fiz. As vezes me acho louco.

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  3. vivi esse sentimento de posse e amor doentio e sempre me deixei levar pela imposição do meu opressor. não sabia o quanto doentio eram esses sentimentos, hoje tento me libertar do meu opressor, mas me sinto meio perdida depois de 23 anos vivendo suas imposições absurdas.

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